Já vou logo avisando que o artigo de hoje vai ser longo. O tema pede. Mas antes, um necessário nariz de cera (no rodapé, explico o que é isso).

Aves e animais estão presentes em muitas expressões da língua portuguesa e o galo está entre as mais populares. Tipo: ouvir cantar o galo, sem saber onde. De acordo com o gramático carioca, Antônio de Castro Lopes – sempre que alguém quer explicar os fatos e ignora as circunstâncias indispensáveis e essenciais, diz-se que: ‘ouviu cantar o galo, mas não sabe onde’.

E porque resolvi mencionar essa expressão?

É que, recentemente, fiz um vídeo em uma das minhas redes sociais mencionando o termo Sororidade, que é o que me traz a escrever aqui e vou destrinchar mais à frente.

Uma pessoa que se dizia minha amiga, me enviou uma enxurrada de grosserias e desaforos por mensagem privada, achando que eu tinha criado uma oportunidade para falar dela. Oi? Como assim? Então, ela ouviu cantar o galo, sem saber onde. Ditado bem aplicado neste contexto.

Mas, vamos sair do nariz de cera.

Assim como essa criatura, muita gente não sabe o que é Sororidade. Segundo o site, Enciclopédia Significados: Sororidade é um conceito que se refere à empatia, solidariedade, acolhimento entre mulheres. A Sororidade (re)orienta a percepção e atitude de uma mulher perante outra. A Sororidade é um dos principais alicerces do feminismo. Ela é o oposto da rivalidade feminina e visa combater o mito(?) de que mulheres estão sempre competindo e não se apoiam.

Muito se fala que não existe mais rivalidade entre as mulheres. Tem mulher que vai pra rede social e faz até discurso bonitinho sobre o assunto. Mas, sabemos que não é verdade. É preciso mudar essa questão que é cultural.

O que aconteceu comigo e que acabo de relatar neste artigo, é um exemplo claro. Lembrem-se que os meus textos representam minhas vivências ou experiências de pessoas próximas que autorizam a divulgação de seus nomes ou pseudônimos.

Bora pra mais um caso de FALTA de Sororidade, respeito, educação e o que mais se puder incluir.

Já ouviram falar da carioca Mônica Bousquet?

Ela começou a frequentar a academia aos 54 anos, com orientação médica, após ter sido diagnosticada com condromalácia – nome esquisito que define o desgaste da cartilagem da parte da frente do joelho (chamada de patela).

Ela gostou tanto de praticar atividade física que mudou o estilo de vida e aos 60, tornou-se atleta de fisiculturismo.

Atualmente com 62 anos, Mônica tem falado em várias reportagens que não pretende mais deixar o esporte. “Estarei em cima dos palcos até com bengalinha”, declarou.

Mas, apesar de ter muitos fãs nas redes sociais, ela também despertou a ira de muitas mulheres. Ira? Sim, você leu bem. Em janeiro deste ano, Mônica recebeu uma ‘avalanche’ de comentários ofensivos, preconceituosos e etaristas, após postar um vídeo em que treina cárdio de biquíni. “Velha murcha, credo.”, “Vai se vestir velha, está muito vulgar.”, “Coitada, tá caduca.”, “Ridícula, se enxerga.”. Olha o nível dos comentários feitos por mulheres… E foi daí pra pior.

Ódio, rancor e inveja printados.

Então, queridos leitores, cadê a tal Sororidade? E o respeito? Quando as mulheres vão parar com essa postura repugnante?

Mônica respondeu as ofensas de maneira educada e elegante. Ela segue competindo como fisiculturista, tendo conquistado troféus em campeonatos regionais e nacionais. Num deles, ficou em primeiro lugar na categoria Master.

Mônica é exemplo de força e coragem, incentivo para que cada uma nós, jamais, desista de buscar e realizar os próprios sonhos e desejos. Mulheres, reflitam: parem de criticar as escolhas e os corpos femininos de vizinhas, colegas, atrizes…. De mulheres como eu e você que lutam para envelhecer com mais saúde física e mental e liberdade.

Sempre digo e vou repetir: quem não morre antes, vai envelhecer. Você que joga pedra hoje, pode ser a vítima no futuro. Já pensou nisso?

Enquanto não houver, de fato, essa ‘irmandade’ entre nós mulheres, seguirei relatando fatos reais que me incomodam por demais.

Até o próximo artigo!

Explicando: o nariz de cera é o parágrafo inicial que retarda a entrada no assunto específico de um texto e se usava muito nos primórdios do jornalismo.

Não ecoe o que não presta. Faça feito ela.

Foto em destaque de Simone Magalhães, a autora do texto: divulgação.

Simone Magalhães é metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.

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Simone Magalhães

Metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.

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