A inédita montagem tem libreto, composição, interpretação e direção assinadas por expoentes do canto lírico de Pernambuco – a direção musical, diga-se de passagem, é de Maria Aída Barroso, professora do Departamento de Música da UFPE.
Dito isso, anote: o espetáculo cumpre temporada de quinta-feira, 29, a sábado, 31 de agosto de 2024, às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho.
Programe-se: a entrada é franca.
Mais sobre
Oito cantores, quatro músicos executam composições ao vivo.
Visualmente inovadora, promete ‘transportar a plateia para um universo bem distante do convencional. Ou melhor, das óperas tradicionais’, informa o release.
Talentos experientes e novas promessas do canto lírico do Recife dividem o palco:
Anita Ramalho, Lucas Melo, Josie Emanuele, Osvaldo Pacheco, Rodrigo Lins e Vanessa Melo. Juntam-se a elas e eles, Virgínia Cavalcanti e Luiz Kleber Queiroz (professores da UFPE – ele também responde pela direção geral do espetáculo).
Na percussão, Antônio Barreto. Completam o conjunto de câmara Gabriel David (violoncelo), Jaderson Tenório (clarinete) e Maria Aída (piano).
As composições têm a pena do compositor recifense Victor Luiz.
Realização da 25 Produções e Publicidade.
As três sessões contarão com intérpretes de Libras.
Ainda mais
Kairós é a soma de quatro minióperas de, aproximadamente, 20 minutos cada, apresentadas em sequência.
Trata de temas universais: o tempo não linear e a angústia do ser humano perante a vida e a morte são levados com um quê de comédia.
‘É uma obra experimental, contemporânea, sobre uma temática universal, que é a questão da vida e da morte, do tempo… Kairós é esse tempo vivido, o momento escolhido, que dá a cada um a possibilidade de seguir caminhos e tomar decisões.
Na Grécia Antiga, o tempo era dividido em esferas diferentes. Havia a vivência do tempo e o tempo cronometrado, o dos minutos, chamado de Khronos. Kairós era a vivência do tempo. E ainda tinha o tempo da eternidade, o Aion’, diz Luiz Kléber Queiroz, que além de responder pela direção, assina os libretos.
Durante três meses, ele dedicou-se a adaptar os quatro contos do italiano Dino Buzzati (1906-1972) – Equivalência, Delicadeza, Um Caso Assombroso e A Almôndega, obras que flertam com o surrealismo e o teatro do absurdo.
Dino rompeu com as boas maneiras da época – sua visão fantástica da realidade não permitiria tal pacto. Tais características foram mantidas no roteiro das minióperas.
Ópera de arena
O palco do Teatro Hermilo Borba Filho, modelo arena, foge do tradicional palco italiano e proporciona proximidade, intimidade com o público.
‘O formato arena se encaixa melhor neste tipo de montagem. Quando se trata de uma produção de câmara, o cantor acaba tendo que exercitar mais como ator. As expressões e a movimentação cênica acabam sendo mais valorizadas. A atuação ganha a mesma importância que o canto’, diz Luiz Kléber.
Marcondes Lima, diretor de arte, surfa na onda e apostou num figurino ainda mais inusual. “As óperas têm uma pegada de surrealismo e os figurinos e elementos seguem por este caminho. Eles aparecem em desacordo com a normalidade, digamos assim. Faço uso de paletós de homens de negócio pelo avesso, buscando tornar as figuras ainda mais grotescas’.
‘Há sempre algum elemento feminino nas roupas masculinas e algo masculino nas roupas usadas pelas atrizes. São detalhes que tiram do contexto e dialogam com as óperas’, finaliza o encenador.
Uma andorinha só não faz verão
Kairós: Minióperas de Um Tempo Oportuno é apoiado pelo Sistema de Incentivo à Cultura, da Prefeitura do Recife, via Secretaria de Cultura e Fundação de Cultura do Recife.
Fomentar, sempre, a cultura.
Ingressos gratuitos distribuídos, na bilheteria do teatro, uma hora antes da sessão.
Mais informações: @25producoes
O Teatro Hermilo Borba Filho fica no Cais do Apolo, 142, Bairro do Recife, Recife.
Foto da equipe em destaque: Eduardo Ferreira.
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