Vez por outra, obras de grandes artistas aparecem do nada. Trabalhos perdidos emergem de algum lugar do passado.

Tais achados vêm revestidos de grande poesia e magia, pois sentimos o autor ali presente, suas ideias pulsam no aqui e no agora.

Aflorou desse desconhecido, em abril de 2024, uma tela de 1925, inédita, de Tarsila do Amaral. Pertence a fase Pau Brasil, a sua primeira fase, quando retratava as paisagens brasileiras, urbanas e rurais. Alguns desses trabalhos são os mais expressivos do nosso Modernismo.

Estão lá o curso d’água, a vegetação e as montanhas de formas rotundas, que nos emprestam uma sensação de serenidade e aconchego.

O desejo é habitar aquelas casinhas de porta e janelas coloridas, à beira do rio ainda biodiverso e água azul transparente.

O quadro encontrado é pequenino, o que não impede de mergulharmos intensamente nas suas pinceladas. As pinceladas da paulistana de Capivari não necessitam de grandes espaços para despertar sentimentos genuínos.

O ‘novo’ Tarsila do Amaral fez-me rememorar o imenso talento desta marcante pintora brasileira.

Ela ensinou ao Brasil – e ao mundo – que temos a nossa própria forma de pintar. Não é necessário importar correntes, escolas, pensamentos e traços europeus. Grande Tarsila e sua antropofagia.

Obrigada, mais uma vez, por iluminar o caminho dos artistas brasileiros.    

Dayse Pontes é artista visual e também professora de desenho e pintura.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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