Quando percebeu-se artista?

Detectei esse sentimento na adolescência, quando estudava no Salesiano.

Comecei a desenhar no verso da capa dos cadernos espirais escolares. A capa dos cadernos era de um papel grosso, semelhante a papelão e o verso era perfeito para desenhar.

Fazia naturalmente, numa forma de me desconectar do mundo e dizer em imagens tudo o que não conseguia dizer em palavras. Uma saída para minha timidez.

Ao desenhar, colocava ali as emoções de um adolescente, descoberta de sentimentos a flor da pele, medos, prazeres, raivas, desejos, alegrias, tristezas, autoestima em transe, a instabilidade entre a aceitação ou a revolta pela separação de meus pais, minhas questões precoces sobre o sentido da vida, o que sou, para onde vou… O medo da morte.

Após concluir um desenho, me sentia mais leve e muito feliz, não precisar confrontar ninguém, nem brigar. Descobri um caminho para a minha Paz. Depois, feliz surpresa, meus amigos de sala, depois de outras salas, começaram a pedir para que eu desenhasse nos cadernos. Amei.

Fiz muitos cadernos de tantas amigas e amigos, perdi muitos recreios desenhando e percebi que era um ganho, que era bom, percebi que era artista.

A arte transformou os infernos da adolescência.

Romã. Óleo sobre tela, 50cm x 30cm, acervo particular do artista.
O álbum de fotos diz que tudo é impermanência, mas há o essêncial.
Estudo de Vênus, desenho em carvão sobre o papel. Celebremos o figurativo.

Fotos: divulgação.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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