São muitos os sucessos, mas quando multiplicaram-se as tecnologias e suas consequentes facilidades, o Muro de Berlim da perfumaria foi derrubado.

G-L-O-B-A-L-I-Z-A-Ç-Ã-O!

Muito cheiros genéricos/sintéticos eram vendidos bem mais barato e os narizes mais desatentos não estavam nem aí.

Aí e então, as empresas nacionais dispuseram-se a resolver uma equação muito simples para prosperar: cheiro bom + embalagem bonita + preço justo. 

O Brasil se perfuma mais do que qualquer lugar do mundo e o Nordeste muito mais ainda. Você imagina o motivo?

Banho, tomamos muitos banhos ao longo do dia e após cada banho, colocamos perfume. E para dormir também.

Ao contrário da nossa formação alimentar, que é anteriormente sedimentada e bem intensa, com muito temperos fortes e egressos de tantas culturas, a perfumaria para nós é leve, mas não menos colorida e frutada.

Gostamos de frutas e flores.

Neste pomar e jardim coexistem, harmoniosamente, bromélias, pitangas, maracujás, jacas (pasmem! O CK Free de Ck tem uma nota de jaca!), jabuticabas, framboesas, lichias, amoras, lírios (a flor predileta dos homens não é a rosa, é o lírio!), rosas, violetas, jasmins…

Mas, como no famoso ditado, as frutas quintal do vizinho são mais ‘verdes’ e as preferidas pelas brasileiras são as exóticas berries e não as nossas típicas. As berries são as combinações mais frequentes e vendáveis dos perfumes modernos.

Falando em perfumes modernos e para fechar com talheres de ouro, o mundo da perfumaria converge hoje, sabe para onde? Para o estômago!

Isso desde o arrasa quarteirão Angel de Thierry Mugler (que em doses mais elevadas provocava enxaqueca), porque Thierry queria que seu perfume tivesse o cheiro do bolo de chocolate, saindo do forno, que ele comia na infância, e do algodão doce do parque. Olivier Cresp, o perfumista e criador, lançou mão de frutas, caramelo, baunilha, chocolate, algodão doce e algumas flores e frutas.

Depois do Angel, o mundo das fragrâncias nunca mais foi o mesmo, milhões de cópias… Nunca um perfume foi tão imitado (junto com o Nº5 e CK One).

Os perfumes gourmands continuam com força total, como o último de Nina Ricci, La Tentation, que tem nota de macaron (aquele doce francês) e café.

Já o Miss Dior Chérie tem nota de pipoca caramelizada e aquele vídeo publicitário estrelado por Sofia Copolla, que come e depois sobrevoa Paris segurando balões coloridos.

La Vie Est Belle de Lancôme com seu praliné de amêndoas… E, finalizando esse banquete perfumado, o maravilhoso Black Orchid de Tom Ford tem notas de trufas negras e o deliciosamente estranho Thierry Mugler Womanity tem figo e caviar.

Para acompanhar essa variedade de sabores, só pedido uma taça, ops!, uma borrifada do Malbec do Boticário, o masculino mais vendido no Brasil.

Tim tim!    

Acima, o reclame.

O pernambucano Leandro Ricardo é chef há 30 anos e sua especialidade são as cozinhas do mundo inteiro. Sim, ele é um pesquisador. Também usa o seu olfato apurado para viajar pelo mundo dos perfumes.

Foto do Conchiglioni recheado com camarão e molho de fondue by chef Leandro Ricardo e a foto do próprio: divulgação.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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