Ainda!
Mas este cenário está mudando, embora que lentamente. Lembram do filme ‘Um Senhor Estagiário’ (2015), com Robert De Niro em mais uma de suas interpretações irrepreensíveis? A quem não assistiu, indico demais!
Aos 70 anos, aposentado e viúvo, Ben Whittaker (Robert De Niro) aproveita a oportunidade para tornar-se estagiário sênior em uma empresa de moda que vende roupas pela internet.
Por conta da sua maturidade, cria vínculos emocionais e profissionais positivos com os jovens colegas de trabalho e com a sua chefe, a também jovem Jules Ostin, vivida pela atriz Anne Hathaway, CEO da empresa.
Apesar da enorme diferença de idade, no desenrolar da trama, eles descobrem que trabalham muito bem juntos. É um ótimo exemplo antietarismo para o mercado de trabalho.
Então, a partir desta breve sinopse do filme, eu lhe pergunto: em qual momento da carreira você está? Aposentou-se? Em transição? Está querendo transformar aquela habilidade em mais uma fonte de renda?
Seja qual for, o texto de hoje vem provocar reflexão e lhe encorajar, apesar da tímida realidade brasileira: nossas empresas pouco ou não contratam colaboradores a partir dos 50 anos ou mais.
A gente até ouve dizer que as empresas estão tornando-se menos etaristas, menos preconceituosas com as e os 50+, porém, quantas organizações você conhece, de fato, que promovem a inclusão de profissionais que chegaram na maturidade? Eu, particularmente, conto nos dedos.
Vamos à realidade.
A população acima dos 50 anos é a que mais cresce no Brasil. Dados de uma pesquisa do IPEA, órgão de pesquisa ligado ao Governo Federal, indica que até 2050, 30% dos brasileiros terão mais de 60 anos. Certo! E quantos destes vão fazer parte ou continuar a trabalhar de maneira formal?
Sobre este assunto, especialistas em carreira na maturidade e longevidade mostram-se preocupados, já que os atuais modelos de contratação continuam a esbarar no etarismo ou idadismo.
Outra pesquisa da Ernest Young (consultoria da Inglaterra) e da Maturi (São Paulo), empresa responsável por inserir profissionais no mercado de trabalho; constatou que os colaboradores 50+ são, apenas, 5% do efetivo das grandes corporações no país.
Eu mesma me inscrevi em alguns processos seletivos, em que tinha o ‘match’ perfeito para conseguir o trabalho. E porque não fui chamada, apesar de passar em todas as etapas? Não preciso nem responder, né?!
No entanto, informações dessa mesma pesquisa demonstram que no primeiro semestre de 2021, o número de vagas preenchidas por profissionais na faixa dos 40 – 50 anos foi quatro vezes maior na Gupy, importante plataforma brasileira de recrutamento.
Já passou da hora das empresas olharem para o público 50+ como ultrapassado.
Somos extremamente experientes e capazes de resolver crises, inclusive interpessoais, no ambiente corporativo. Incluir pessoas nesta faixa etária é uma forma de promover a diversidade geracional e a tão requisitada habilidade emocional que só o tempo traz.
Que possamos, em breve, comemorar a participação de trabalhadores 50+ nas companhias.
A Maturi realizou de 23 a 25 de agosto, em São Paulo, o MaturiFest.
Mais do que celebração, o evento promoveu debates sobre trabalho e empreendedorismo para a chamada ‘geração prateada’ e contou com nomes de peso como o ator Ary Fontoura e o roteirista e escritor Marcelo Tas.
Vou falar (desdobrar) mais sobre, já no próximo texto aqui na coluna. Aguardem!
Simone Magalhães é metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.
Imagens: divulgação.
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