Sim! Pelo menos para mim, sempre foi. Já mencionei diversas vezes aqui na coluna e vou bater nesta tecla: só envelhece quem não morreu.
Entrei nessa ‘onda’ de combater o etarismo, talvez por estar sentindo na pele, de um ano pra cá, esse preconceito velado. Velado? Nem tanto.
Dos muitos processos seletivos que tenho participado, principalmente na minha área, é um tal de “você não faz parte do perfil da empresa”, mas até a entrevista com o RH, eu fazia. Ao dizer a idade, não avanço no processo (falo disso em outro texto aqui na coluna). E foi esse o estopim, para que eu pudesse criar coragem e iniciar o movimento de reação, de reinvenção.
Movimento igual ao de muita gente que conheci este ano, no MaturiFest, em São Paulo. Vou destacar duas pessoas com histórias incríveis, gente que se reinventou, que não tem medo de conjugar o verbo refazer.
E qual é a palavra-sentimento de ordem para a virada de chave deles? A mesma que a minha: CORAGEM.
Começando por Seu Neyzinho de Belém do Pará: 62 anos, ex-professor de educação física e aposentado desta atividade; já teve diversos trabalhos, inclusive foi apresentador da TV Liberal, afiliada da Globo, lá na capital paraense.
Poderia estar – apenas – curtindo a aposentadoria, não é mesmo? Só que não! Atualmente, ele é instrutor de Mindfulness (treinamento mental, voltado para a prática do agora) e Gerontólogo (estuda os processos relacionados ao envelhecimento; questões físicas, sociais e emocionais).
Ele conta que foi, exatamente, por meio da meditação e da ação do Mindfulness, que a vida mudou radicalmente. “Para melhor, claro! Eu me dei a chance de usufruir deste método terapêutico e resolvi ser exemplo para o público 60+. Criei um curso na Internet sobre envelhecimento bem sucedido. Incentivo as pessoas a praticarem o autocuidado e a meditarem”.
Seu Neyzinho vai além do óbvio. “Envelhecer bem, não é apenas não ter doenças, é continuar a ter um propósito e manter o convívio social para não desenvolver ansiedade, depressão e até cometer o suicídio”. E sobre isso, ele informou que a maioria dos suicidas, acima de 45 anos, é de homens.
Por quê? “A saúde do homem está envelhecida, por várias razões. Não fazem exames preventivos, e ao ficar viúvo, o homem se isola, tem vergonha de sair para se divertir. É preciso sair do piloto automático, após uma perda. O papel da família é de extrema importância”, reforça.
Assim como Seu Neyzinho, D. Helina, de 101 anos, está na ativa dando palestras e contando qual o segredo para tanta energia. “A idade não tem valor algum. É um número, apenas. Meu segredo? Não vou falar, né?”, oculta, rindo.
Mas D. Helina não resiste e abre o jogo. Revela que para se manter bem ao longo da vida, a receita é simples: “Nada de plástica ou cremes, casei após os 50 anos, não tive filhos, sempre fiz exercícios e me valorizei. Pensar positivamente e quando acontecer algo ruim, virar a página, seguir em frente, sem lamúrias”.
D. Helina encerrou, aplaudida de pé, o ciclo de palestras do festival, e emocionada falou: “Quero estar com vocês no MaturiFest 2024! Estou muito feliz e obrigada por esse momento em minha vida”, desejou e agradeceu com lágrimas nos olhos.
Igualmente agradeço, imensamente, por ter conhecido D.Helina, Seu Neyzinho e todos que fizeram deste evento um sucesso, energia boa que continua a reverberar em mim.
Assim, encerro essa série e que venha 2024, com muitas histórias inspiradoras e bem mais profissionais 50+ no mercado de trabalho.
A potência do MaturiFest em números:
950 pessoas no presencial – FECAP (SP)
850 pessoas na abertura online
+ de 1000 usuários no app oficial
+ de 890 mil interações no app
Metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.
Foto em destaque, Dona Helina: Sorella Comunicação.
Foto2: Sorella Comunicação.
Foto de Simone Magalhães: divulgação.
Muito importante, gostei 50+