A peça que retrata o Recife holandês participa da 30ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos – também será lançado o livro com a dramaturgia da obra e material de pesquisa.

Sinopse

No remoto século 17, uma mulher escreve um bilhete em Pernambuco.

Esse bilhete está guardado, até hoje, no Arquivo Nacional dos Países Baixos.

Nele, Anna Paes, descendente de portugueses e dona de engenho, presenteia Maurício de Nassau assim que ele chega aqui, em 1637, para governar o então Brasil holandês.

O mimo?

6 caixas de açúcar branco.

A vida dessa mulher à frente do seu tempo torna-se objeto de investigação de um grupo de artistas de teatro. Mas, conforme os intérpretes aprofundam o contexto em que o tal bilhete foi escrito, emergem questões de classe, gênero e raça, revelando que o nosso passado não passou – é presente e nada tem de remoto.

Fala, Adriano Salhab:  

“É metateatro. É uma peça sobre a tentativa de fazer uma peça sobre Anna Paes, figura muito avançada para época.

Ao aprofundar a questão da emancipação feminina, a gente se depara com a questão escravocrata. Aí, a peça dá uma cambalhota e se transforma numa ode à reparação histórica.

Parece, no começo, um elogio à presença modernizadora dos holandeses, até porque a criação do Recife é uma criação holandesa, mas tudo isso vai sendo desconstruído e fica evidenciado que o que está por trás é a exploração, é o capitalismo, é o racismo, a escravidão.

Sou da opinião que esse processo colonial não trouxe nada de bom. A civilização é falsa e cada vez mais excludente. Sou um pouco pessimista quanto a essa virada de chave, se é que ela vai ocorrer e quando ocorrerá e como ocorrerá a necessária transformação mundial.

A principal função das artes, do teatro, é trazer à tona esses assuntos, é manter de pé as denúncias, é desmitificar”.

PS: Adriano Salhab, que criou as canções originais da peça, que assina a direção musical e canta algumas músicas no palco, musicou 1 texto de Gilberto Freyre – uma louvação ao Recife, e 1 de Manuel Calado – uma louvação à Olinda.

Olha aí a ficha técnica:

Marcos Damigo – idealização, concepção e direção geral 

Gabriel Bortolini – concepção e direção de produção 

Ermi Panzo e Marcos Damigo – dramaturgia 

Carol Duarte, Jamile Cazumbá, Ermi Panzo, Leonardo Ventura e Adriano Salhab – elenco 

Lúcia Bronstein e Sol Miranda – interlocução artística 

Adriano Salhab – direção musical e canções originais 

Simone Mina – direção de arte 

Wagner Pinto – iluminação 

Glaucia Verena – preparação vocal e consultoria artística e dramatúrgica 

Pat Bergantin – preparação corporal 

Daniel Breda – consultoria histórica 

Rafa Saraiva e Mila Cavalcanti – programação visual 

Coletivo Corpo Sobre Tela/Ricardo Aleixo e Julia Zakia – direção de fotografia Coletivo Corpo Sobre Tela – montagem e finalização de cor 

Rafael Tenório – vídeo engenho em chamas 

Luiz Schiavinato Valente – coordenação de redes sociais 

Mayara Santana, Rafael Tenório e Wynne Melo – design para redes sociais 

Jackeline Stefanski Bernardes e Ví Silva – assistência de direção 

Luiz Schiavinato Valente e Ví Silva – assistência de produção 

Rick Nagash – assistência de direção de arte 

Vinicius Cardoso – assistência de cenografia 

Amanda Pilla B e Hellige Sant’Anna – assistência de figurino e adereços 

Carina Tavares – assistência de iluminação

Wanderley Wagner e Fernando Zimolo – cenotécnica cenário 

Mauro José da Silva e Matheus Kaue Justino da Silva – cenotécnica filmagem Vivona – cabeleireira elenco 

Julia Zakia – making off 

Luiza Zakia Leblanc – câmera adicional making off 

Mais sobre

A peça estreou no CCBB Belo Horizonte, depois teve temporadas pelo CCBB Brasília, CCBB Rio de Janeiro e pelo CCBB São Paulo, totalizando 87 apresentações em 2023.

Babilônia Tropical – A Nostalgia do Açúcar tem duas sessões no Recife. Apenas. E foram viabilizadas via patrocínio da Embaixada dos Países Baixos.

Quando?   

Dias 11 e 12 de janeiro de 2024, quinta e sexta-feira, às 20h.  

Quanto?

Os ingressos custam R$60,00 (inteira) e R$30,00 (meia-entrada) e podem ser adquiridos no Sympla:

https://www.janeirodegrandesespetaculos.com/espetaculo/151/babilonia-tropical—a-nostalgia-do-acucar

Onde???

No Teatro Luiz Mendonça. Fica no Parque Dona Lindu – Avenida Boa Viagem, Boa Viagem.

Foto em destaque, Carol Duarte como Anna Paes: Rodrigo Menezes.

Edgard HomemAuthor posts

Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

1 Comentário

  • Um novo Ateliê na Boa Vista.
    Abriu as portas em janeiro, no Recife, mais um espaço cultural para incrementar os acontecimentos culturais do emblemático bairro da Boa Vista. É o ateliê dos artistas plásticos Alex Mont’Elberto e seu filho Rafael Mont’Elberto, na Rua Visconde de Goiana, 191, em um sobrado na região mais antiga do bairro.

    Alex, com uma bagagem de reconhecidas realizações e criações, apresenta suas esculturas de temática intrigante elaboradas em materiais variados, além dos objetos inusitados de design sustentável. Já o jovem Rafael, com espantosa maturidade, mostra seus desenhos e aquarelas que representam não só o patrimônio cultural pernambucano, como também várias outras facetas de seu traço pitoresco.

    A empreitada integra as várias iniciativas em prol da revitalização do Bairro da Boa Vista ao valorizar aquele recanto histórico como importante reduto cultural da capital pernambucana, onde passado e presente se encontram. Soma-se ainda às dezenas de ateliês já instalados e aos pontos de cultura existentes na região.

    _*Serviço:* Ateliê Mont’Elberto. Exposição permanente de esculturas, objetos de design, desenhos, aquarelas e projetos artísticos. Rua Visconde de Goiana, 191, Boa Vista. Recife-PE. Contatos: @alexmontelberto/ 81 992920507. @desenhosderafael/ 81 9992671204._

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