Estou de volta, após um curto recesso. Nem tão breve assim!

Então, vamos direto ao ponto. Você tem fetiches sexuais? Ou acha que isso não é para você?!

Um fetiche sexual é a atração intensa e específica por uma parte do corpo, objeto ou uma situação que não é tida como estimulante ou “correta” para muitas pessoas. O fetiche envolve elementos que são considerados indispensáveis para o prazer.

Em 1905, Sigmund Freud, psicanalista e neurologista austríaco, publicou “Os três ensaios para uma teoria sexual”; não vou entrar nesse mundo tão vasto e complexo, apenas contextualizo que o assunto sempre interessou a sociedade. Outra prova disso é o livro “50 tons de cinza”, da autora britânica E.L. James, que depois foi adaptado para o cinema e levou muitas mulheres ao delírio.

Fetiche é uma palavra de origem francesa e significa “objeto enfeitiçado”, diferente de fantasia sexual que restringe-se ao âmbito da imaginação.

E todo esse preâmbulo para agora entrar, de fato, no assunto do artigo de hoje – um fetiche sexual específico e polêmico. No mínimo, você vai refletir com amor ou ódio (não duvide).

O “cuckold” e o “cuckquean” (versão feminina) são fetiches sexuais cada vez mais populares no Brasil, principalmente após a pandemia. A expressão “cuckold” vem da ave cuco, cuja fêmea busca outros ninhos para colocar os ovos.

Não é sobre “corno”. Essa é uma prática sexual na qual o homem fica excitado ao ver sua parceira com outro homem. E não tem nada a ver com voyerismo. O “voyer” fica excitado ao ver qualquer pessoa praticando sexo.

Então… Deparei-me com um convite para experimentar o “cuckolding”… Como curiosa que sou e escrevendo, também, sobre sexo aqui na coluna

Como assim, Simone?

Há uns três meses entrei num aplicativo de relacionamento em busca de novas amizades e um possível namorado – porque não? Sem julgamentos, ok? Quem nunca? Há bastante tempo que as mulheres estão mais soltas e procuram por relacionamentos menos convencionais.

Então, em uma das conversas com esse homem, no app, ele com uma idade mais avançada que a minha (não uso a palavra velho, isso é etarismo) perguntou se eu conhecia o “cuckold” e eu disse que não. Pediu para eu pesquisar sobre o tema e voltar a teclar. Fiz isso! Ele falou que é praticante há mais de 10 anos e me convidou para ser sua parceira nessa experiência.

Vamos à página dois. Questionei o que ele mais gosta dessa vivência. A resposta? Simples, direta: “Conheci, gostei e pronto”. Tenho a cabeça muito aberta, não me senti mal, ultrajada com o convite, nada disso!  Igualmente tenho minhas fantasias e fetiches, no entanto, naquele momento e ainda hoje, não me permito ser vista tendo essa experiência.

Quis saber mais. Dados de pesquisa realizada em dezembro de 2022, pela plataforma francesa Gledeen, projetada em 2009 por e para mulheres de qualquer idade, mostra que 36% dos entrevistados topariam a prática do “cuckolding” sem problemas e 44% não experimentariam. Em outra pesquisa, do site Sexlog, rede social adulta, brasileira, voltada para o swing e outras experiências sexuais e que reúne 19 milhões de inscritos, 90% dos homens cadastrados responderam que sim, já desejaram ver a parceira tendo relações sexuais com outro.

Bora mais. Segundo essa mesma plataforma, em um dos buscadores de notícias e informações na Internet, a pesquisa pelo termo “cuckold” cresceu 800% – seja para praticar ou por mera curiosidade sobre o tema. É ou não uma febre da atualidade?

Para a psicóloga Leticia Rauen Delpizzo com quem conversei, a prática do “cuckolding” está mais visível e não deve ser vista como traição.   “Não há leitura de poder feminino ou masculino. Tudo é consentido e agrada a todos os envolvidos. São escolhas de prazer”, explica.

Ainda não há uma pesquisa específica sobre a idade dos homens e mulheres que curtem o “cuckold” ou o “cuckquean”.

O bom é que está tudo certo: os psicólogos são unânimes em afirmar que fetiches sexuais não devem ser tratados como algo nojento e doentio. São preferências e há que se respeitar.  

E você aí, ainda enxerga a vivência da sexualidade como tabu, com julgamentos, cobranças e controles? Deixo essas perguntas no ar, apenas, para fazer você pensar. Se quiser, óbvio. Até breve!

Simone Magalhães

Metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.

Fotos: divulgação.

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Simone Magalhães

Metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.

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