A flor da camomila possui pétalas brancas e centro amarelo como a flor da margarida. Tem gente que cultiva a planta num vaso para enfeitar e perfumar a casa. Nesse caso, o chá pode ser feito com flores e folhas secas.
Ela pensava na forma natural de preparo da bebida, quando a chaleira apitou. Ainda consumia o chá no saquinho, mergulhado na caneca de porcelana com água fervida. Nada de açúcar ou adoçante.
Aquele momento era de conforto para sua alma. A bebida, oferecida pelo avô quando ela ainda era criança, aquecia o coração. Mas não foi um caso de amor ao primeiro gole. Ela queimou a boca ao provar a infusão, e só aos poucos foi tomando gosto por aquele líquido quente.
Gostava tanto, que deixou de oferecer um cafezinho às visitas. Até nas ocasiões especiais, aparecia na sala com um bule de chá, ao invés de uma garrafa de vinho. Quando alguém não aceitava a bebida, por falta de hábito ou por achar o sabor ruim, ela não insistia. Paladar é química e memória.
Sentou na poltrona com sua caneca na mão. Soprou o líquido bem devagarinho e bebeu um gole. Estava triste, mas acreditava que uma nova fase, cheia de coisas boas, viria. Sabia que a vida era feita de ciclos.
Seu avô era um entusiasta das propriedades medicinais da camomila: melhora o sono; trata ansiedade, má digestão e cólica; ajuda na cicatrização de feridas. Com o tempo, ela comprovou que o auxílio na cicatrização se estendia às feridas da alma.
Tomou mais um gole. As sementes da camomila já estavam ali, dentro dos saquinhos de chá que ela tinha no armário. Decidiu cultivar a plantinha em casa, num vaso bonito. Podia atestar que a bebida também ajudava a aliviar os corações partidos. Sua camomila ficaria na varanda para receber os raios de sol.
Daniella Freitas é natural do Recife, é jornalista de formação e contista por necessidade.
Fotos: divulgação.
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