O auditório da sede da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), no Recife, ficou cheio para a estreia de um curta-metragem produzido por adolescentes em semiliberdade. O filme foi uma reconstituição de “Sair do armário”, de Marina Pontes (2018), que retrata o momento em que uma filha assume a homossexualidade para a mãe e se depara com uma reação preconceituosa. A ação na Funase foi desenvolvida por meio de um projeto do Programa Exibição de Cinema Social (Preciso) e da Amparo Jurídico e Defesa Social (Ajuds). As gravações ocorreram na Casa de Semiliberdade (Casem) Rosarinho, na Zona Norte.

O vídeo, com pouco mais de três minutos, não contém imagens. Na tela com fundo preto, há apenas legendas do diálogo. No curta gravado na Funase, o papel do filho foi interpretado por um socioeducando. Outro adolescente atuou como pai. Um terceiro jovem ficou responsável por editar as falas dos personagens e por realizar a edição do vídeo juntamente com o coordenador do Preciso, Francisco Pires. Primeiro, os adolescentes tiveram um momento de reflexão sobre a temática do curta original. Depois, realizaram ensaios para afinar a entonação da voz, conhecer os personagens e interpretá-los bem na reconstituição do filme.

Na estreia, realizada nesta semana, funcionários da Funase e convidados tiveram a oportunidade de conversar com os jovens sobre o tema abordado na produção. “Foi muito bom participar do curta-metragem. Eu pude aprender muita coisa que vou levar para a vida. O preconceito não leva ninguém a lugar nenhum. Todas as pessoas são livres para fazerem as suas escolhas. O nosso papel é respeitar todo mundo. Se cada um fizer a sua parte, o mundo será muito melhor”, disse o socioeducando D.M.S., de 15 anos.

Para a coordenadora geral da Casem Rosarinho, Elizabete Nunes, a realização da atividade despertou nos socioeducandos um olhar especial para a arte e a cultura. “Os jovens assistiram a 12 curtas-metragens e escolheram quatro para replicar. ‘Sair do armário’ é uma resposta de que o preconceito vem sendo quebrado no ambiente socioeducativo. O nosso objetivo é fazer com que o vídeo seja passado em outras unidades da Funase, mostrar a outras pessoas e enviá-lo para a autora do curta original”, afirmou, acrescentando que a expectativa é de que outras três obras sejam gravadas por socioeducandos ao longo deste ano.

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Edgard Homem

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