Lembro-me de Emerson Pontes da Academia Biodinâmica – fazíamos física lá.

Não sabia que ele era artista, embora algumas coisas comunicassem que, sim, aquele cara tinha nascido na margem de lá do rio.

Alto, forte e delicado ao mesmo tempo, careca, gentil e misterioso, silencioso até no caminhar e escorpiano por derradeiro.

O reencontrei nas redes sociais e, então, constatei o óbvio: Emerson Pontes vive a arte. É desenhista e aquarelista.

Desde os 5 anos que rabisca e colore. ‘Minha mãe, Dona Isnar Chaves de Santana Pontes me deu um livro, o primeiro de todos, que ensinava a desenhar.  A família da minha mãe tinha no trabalho manual uma válvula de escape. Elas costuravam, bordavam, desenhavam, pintavam em tecido…’.

O traço dele me ganhou. Muito de quadrinhos, outro tanto de Japão, ilustração, cores vibrantes e serenidade que emana do gestual e do olhar.   

Frutos pandêmicos

Nosso artista mora numa casa com jardim, lá em Abreu e Lima – e foram os verdes e os seres que moram no verde, que o mantiveram são e ainda lhe renderam a Série Éden.

‘No isolamento, eu comecei a prestar atenção nas coisas de casa, a explorar o jardim, as plantas, os elementais, as divindades, as palmeiras, as flores do campo, os imbés, as onze horas. No quintal ainda tem cana de açúcar, colônia, pitangueira, tomates, mamoeiros, trepadeiras…’.

Era 2020, ano 1 da pandemia, e a Série Éden frutificou 10 trabalhos, 2 obras foram adquiridas pelo MAC de Olinda.

Frutos pandêmicos 2

Em 2021, começou a investigar as relações familiares.

‘Meu avô materno tinha a Sapataria Santo Antônio, em Paulista. Meu avô paterno foi torneiro mecânico e tinha um parque de diversões chamado Parque Independente, baseado em Abreu e Lima – só funcionava no final do ano. Um parque pequeno com barcas, carrossel e balanços’.

‘Estou pintando não só o parque, mas as pessoas que fazem o parque, a festa. Chamo de Série Parquinho e está em andamento’.

Observações:

A Biodinâmica fica na Manoel Borba, no buliçoso bairro da Boa Vista, Recife.  

MAC é Museu de Arte Contemporânea.

Em junho, Emerson sempre faz uma série em homenagem aos santos juninos: Antônio, João e Pedro.

O desenhista e aquarelista usa papel arches 300g/m², tamanho A4.  

Trabalha no Museu da Cidade do Recife, dentro do Forte das Cinco Pontas, como coordenador de Arte/Educação.

E, importantíssimo, aceita encomendas: 99262.3726.

Por fim, é escorpiano cana caiana – fará 50 anos no próximo dia 2 de novembro.

Carrossel. Aberlado da Hora passou, agora, por minha cabeça. Salve!
Pipoca e doce japonês. Dieta de lembrança.
Mais uma da nova série Parquinho: os balões de festa.
Nem adianta achar clichê… Mais feliz é aquele que tem viva a criança em si.

Fotos das obras: Emerson Pontes.

Fotos de Emerson Pontes: Educativo do Museu da Cidade do Recife.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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