Enamorada pelo universo visual, sonoro e tátil do Maracatu de Baque Solto, também conhecido como Maracatu Rural, a designer Mariá Vilar criou o projeto Na Marcha do Terno.
Em outubro de 2024, Na Marcha do Terno realizou a oficina Estampando o Brinquedo com os integrantes do Maracatu Cruzeiro do Forte – o Maracatu de Baque Solto mais antigo do Recife, em atividade há 95 anos. O trabalho coletivo culminou na confecção da estampa da camisa oficial do grupo para o Carnaval 2025.
Anota, pois a festa promete ser bem massa: a camisa será lançada, com show, dia 23 de fevereiro, domingo, na sede do Cruzeiro do Forte, na Rua Taió, 43, bairro do Cordeiro, a partir das 18h. A entrada é gratuita.
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Na Marcha do Terno originou-se a partir do TCC de Mariá em Design, em 2020, mas esse amor tem raízes antigas, profundas.
Filha de brincantes, ela cresceu indo às sambadas e vendo os seus pais tocando e dançando no Maracatu Piaba de Ouro, de Olinda – agremiação fundada nos anos 1970 pelo saudoso Mestre Salustiano.
‘A cultura da gente sempre foi pra mim um norte nos meus trabalhos, nas minhas inspirações, desde a faculdade de Design. Eu tenho uma marca de moda autoral e esse universo também é o mote das minhas roupas. Faço estampas com significados, que contam histórias. Quando chegou o momento de fazer o TCC eu percebi que queria unir as duas coisas que eu mais gostava, que é essa minha relação com o maracatu e o design. E poder contribuir com melhorias através do que chamamos de estamparia participativa’, diz Mariá.
O nome faz alusão à marcha, um improviso cantando pelo mestre de maracatu na abertura das sambadas, e ao terno, termo usado para designar o conjunto de músicos do Maracatu Rural.
O Maracatu Cruzeiro do Forte tem vasta e importante história. Fundado em 7 de setembro de 1929, na comunidade dos Torrões, Cordeiro, Zona Oeste do Recife, inicialmente chamava-se Clube Carnavalesco Misto Cruzeiro do Forte, assumindo o nome atual em 1980 – ano em que Dona Netinha assumiu a presidência. Foi ela a primeira mulher a presidir um maracatu na capital pernambucana.
Na oficina, foram feitos exercícios usando recortes de papel, giz, hidrocor, nanquim e colagens. Fotografado o resultado, foram executados murais de referência com o trabalho. ‘A partir daí pude realizar as estampas num trabalho pós-oficina, em arquivo digital para ser impresso nas camisetas’, diz Mariá.
As estampas finais deram origem a uma camisa de botão para os músicos, que será utilizada por eles no dia do evento; uma camisa polo para a diretoria do maracatu e uma camiseta para venda ao público, a exemplo dos modelos dos blocos de rua.
Mais que isso, a noite de lançamento contemplará: exposição com as estampas da oficina e exibição das fotografias e dos registros em vídeo + o tradicional ensaio do grupo.

Antes de partir é preciso dizer que…
A elaboração, o design das estampas, design gráfico, organização, a facilitação da oficina (ao lado da designer Joana Velozo) têm assinatura de Mariá Vilar.
A coordenação de produção e expografia são de Arthur Braga e a produção cultural e executiva, de Cecília Pessôa. A produção audiovisual é de Júnior Teles, enquanto Sara Régia responde pela montagem da exposição; interpretação de Libras e acessibilidade by Jaks Interpretações.
Na Marcha do Terno tem incentivo do Funcultura, Fundarpe, Secretaria de Cultura de Pernambuco e Governo de Pernambuco.
Foto em destaque da oficina Estampando o Brinquedo: Júnior Teles.
Foto 2: Júnior Teles.
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