Talvez cause estranhamento e você esteja se perguntando: o que é que esse monte de temperos e especiarias está fazendo no Blog, se aqui eu falo sobre perfumes? Ele não deveria estar na seção de gastronomia?
Para quem não sabe, os primeiros perfumes de que se tem notícia eram oferecidos aos deuses em forma de incenso: per fumum, do latim, através da fumaça. Daí a origem do nome – e os incensos eram compostos de resinas e especiarias, bem comuns no Oriente e em parte da África. A nossa relação com esses tipos de ingredientes está mais relacionada aos aromas culinários, doces e salgados.
Avancemos um pouco mais no tempo, para as cortes francesas, onde o perfume tinha papel tão importante quanto o título de nobreza. No reinado de Luis XV, cada súdito tinha um perfume para cada dia da semana… Não à toa, ficou conhecida como “A corte perfumada”. Nesse período, fragrâncias não tinham gênero, não existia FOR MEN ou FOR WOMEN.
Com a queda da bastilha, caíram juntos todos os hábitos de excessos e os perfumes eram, certamente, símbolo de ostentação aristocrática.
Os homens deixaram de usá-los. Hábito reintroduzido bem depois, nos idos de 1900, e com outros nomes: Eau de Cologne, Pour Monsieur, Pós-Barba, etc….
Hoje, com a liberdade de expressão quase infinita, todos podem cheirar ao que quiser e na intensidade que bem entender.
Pois é, os machos assumiram de vez a vaidade e agora não querem, apenas, a EAU DE TOILETTE (concentração de 5 a 15%). Eles querem perfumes intensos, absolutos e repletos de especiarias; é a era dos EAU DE PARFUM (15 a 20%) e PARFUM (18 a 30%) e ELIXIRS masculinos.
O que mudou exatamente?
A entrada de ingredientes, antes destinados, exclusivamente, às mulheres. Por exemplo: jasmim, baunilha e rosa. No entanto, esses aromas misturados às madeiras nobres (representação máxima da perfumaria masculina), dão mais cremosidade à composição e criam uma atmosfera sensual e misteriosa.
Existem dezenas de marcas fazendo esse tipo de perfume FOR MEN, mas a casa DIOR, indubitavelmente, foi a que mais criou versões do mesmo produto: o DIOR HOMME.
Originalmente criado por Olivier Polge e lançado em 2005, tem ingredientes como o cacau (matéria-prima do chocolate) e a íris (flor italiana que tem cheiro bem atalcado). Agora existe, até, a versão PARFUM… Portanto, o varão que se preza tem que ter uma fragrância de ocasião.
Curiosidade: ingrediente dos mais usados na perfumaria moderna, para todos os sexos, a FAVA TONKA ou cumaru, é nativa do Brasil, Colômbia, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Ilhas Seychelles e Suriname. Possui aroma levemente baunilhado, amadeirado e confortante.
Dica: por serem variações mais potentes e mais temperadas, as versões masculinas EAU DE PARFUM e PARFUM, devem ser usadas em temperaturas amenas e com certa parcimônia.
À bientôt!
O pernambucano Leandro Ricardo é chef há 30 anos e sua especialidade são as cozinhas do mundo inteiro. Sim, ele é um pesquisador. Também usa o seu olfato apurado para viajar pelo mundo dos perfumes.
Foto em destaque: Cléo Santana.
Foto Leandro Ricardo, o chef-nariz: divulgação.
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