Rosas, almíscar, incenso, mirra, patchouli… Fragrâncias sempre estiveram associadas a poderes mágicos, curativos, afrodisíacos. Além disso, o que é experimentado como cheiro, varia tanto de cultura para cultura, como de pessoa para pessoa.

E eu não sei se você sabe, o Brasil tornou-se um dos maiores consumidores mundiais de perfumes.

Como assim?

Deixe-me contar algumas histórias, que eu explicarei, na sequência, tudo isso.

Numa pesquisa conduzida pelo Ph.D em Sociologia, Anthony Synnott, na Universidade Concórdia de Montreal, foi solicitado a 270 alunos que descrevessem e comentassem o papel do olfato em suas vidas.

A pergunta Quais os seus cheiros favoritos?, provocou uma vasta gama de respostas. Desde as esperadas: “o cheiro dos bebês”, “grama recém-cortada”, “rosas”, “pão caseiro fresco”; até as mais inesperadas: “os odores do Fórum e do Estádio Olímpico de Montreal”, “suor do corpo”, “cães”, “gasolina”.

Antagonicamente, os cheiros comerciais dos perfumes desagradam a uns tantos, que na mesma pesquisa, responderam que interferiam nos aromas naturais do corpo.

Em linhas gerais a relação da persona com o cheiro é muito mais profunda do que se supõe.

Em “À la recherche du temps perdu”, especificamente no volume “Du côté de chez Swann”, de Marcel Proust, diz: “… e de súbito a lembrança me apareceu. Aquele gosto era do pedacinho de Madeleine que minha tia Leonie me dava aos domingos pela manhã em Combray… Depois de mergulhá-lo em uma infusão de chá de tília.”

A memória olfativa é a mais concreta do ser, muito mais do que todos os outros sentidos, tem o poder de evocar lembranças. Um cheiro pode trazer tudo de volta, várias sensações ou até épocas inteiras se reconstroem à sua frente, depois do seu nariz farejar algo familiar.

Quem já não sentiu o cheiro do perfume de seu primeiro namorado e lembrou-se até da cor da roupa que ele vestia? Mas, as memórias olfativas, em geral, estão muito mais ligadas aos afetos da infância: o cheiro da Vó ou do biscoito ou bolo que ela fazia… Enfim, um caudaloso rio de lembranças perfumadas e afetivas!

Nos encontraremos no próximo capítulo…

O pernambucano Leandro Ricardo é chef há 30 anos e sua especialidade são as cozinhas do mundo inteiro. Sim, ele é um pesquisador. Também usa o seu olfato apurado para viajar pelo mundo dos perfumes.

Fotos: divulgação.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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