Agora estamos em 1700, na corte do Rei Luís XV de França, conhecida como a corte perfumada. O seu antecessor, o Rei Sol (XIV), tinha sensibilidade aos cheiros e apreciava os odores leves.

Contudo, o que um não usou, o outro abusou.

Luís XV tinha perfumista particular, incumbido de produzir-lhe fragrâncias para chaque jour, chaque humeur (cada dia da semana, cada humor), e que produzia, também, perfumes personalizados para cada súdito seu.

Pois é gente, naquela época não se conjugava o verbo economizar e ninguém podia cheirar igual ao outro. O Rei tinha acesso a tudo e a plebe a nada. O bom era restrito aos nobres e aos endinheirados. A farra acabou, definitivamente, quando as cabeças rolaram na Revolução Francesa.

E houve um hiato de quase 120 anos, para que o perfume fosse reintroduzido no cotidiano, porque o perfume ficou associado a tudo que era frívolo, aos desmandos dos poderosos.

Os homens dos 1900 só retornaram ao uso dos perfumes, após o produto responder por outras alcunhas, como água de colônia, pós-barba, pour monsieur…

E foi assim que tudo começou a ser como é hoje.

A moda interessou-se pelos cheiros e Chanel, muito sagazmente, encomendou ao perfumista Ernest Beaux, um aroma para chamar de seu.

Diante do quinto teste, da quinta amostra, ela disse sim e, assim, selaria o sucesso. Optou por um frasco simples, retangular, e lançou o Nº5. O mais vendido e lembrado até hoje (ícone).  A cada cinco segundos vende-se um deles ao redor do mundo.

Tempo que segue e as divas de Hollywood tornaram-se as encarnações de tudo que fosse bom: fragrâncias, roupas, joias, atitudes.

E num salto quântico, o túnel do tempo nos desembarca nos anos de 1970: Opium de YSL, Charlie de Revlon, Nº19 Chanel, Anaïs Anaïs de Cacharel, Calandre de Paco Rabanne. Nos anos de 1980: Poison de Dior, Trésor de Lancôme, Obssession de CK, Cool Water Davidoff. Anos de 1990: Ck One Ck, L’ea D’Issey Issey Miyake, Angel Thierry Mugler e etc.

Muitas recordações! Quem não os usou, que atire o primeiro frasco vazio!

Agora, O banquete perfumado continua no próximo capítulo!

Até lá!  

O pernambucano Leandro Ricardo é chef há 30 anos e sua especialidade são as cozinhas do mundo inteiro. Sim, ele é um pesquisador. Também usa o seu olfato apurado para viajar pelo mundo dos perfumes.

Foto em destaque, Rei Luís XV: site Simplesmente Paris.

Foto2, de Leandro Ricardo: divulgação.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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