Vamos falar do que está escancarado: o preconceito no mercado de trabalho com os profissionais 50+.
Como mencionei em artigo anterior, estive em São Paulo, na semana de 23 a 25 de agosto, quando participei, pela primeira vez e presencialmente, do MaturiFest.
Um encontro além do ‘networking’, uma oportunidade para entender que não estamos sozinhos (nós, acima dos 50 anos) nesta caminhada de recolocação no mercado de trabalho, independente dos motivos: aposentadoria insuficiente, medo da solidão…
O MaturiFest 2023 revelou, de forma nada sutil, o que sentimos na pele: a discriminação com a nossa idade, o quanto as empresas não enxergam o público 50+ que busca reposicionamento.
Ao longo dos próximos textos, falarei um pouquinho do que pude experienciar lá: três dias de mergulho profundo em temas relevantes como inclusão, saúde mental e as ‘soft skills’ (habilidades emocionais). Aquelas que nós, maduros, temos a nosso favor e muitas vezes ou quase sempre, o processo seletivo por meio do RH, ignora.
Palestras, painéis, oficinas. Tudo tão intenso, uma catarse de emoções quase impossível de expressar. O MaturiFest 2023, ainda ecoa na minha mente e, tenho certeza, que em cada um que participou ao vivo ou apenas virtualmente.
Então, vou começar pelo que parece óbvio.
O que é ser velho?
A questão é cronológica ou imposta pela colocação de barreiras? Ficou nítido que a idade é apenas um número para todos que estavam naquele encontro, todos sedentos de conhecimento e tão vivos!
Tudo que nega a condição é etarismo, afirma Seu Neyzinho, um dos palestrantes; falarei dele noutro texto.
Nós, 50+, temos experiência e essa palavrinha não deveria estar relacionada à velhice ou incapacidade, e sim à potência, resiliência e alta performance.
Por que é tão difícil para as empresas nos contratar? Está cada dia mais evidente, a dificuldade em promover a intergeracionalidade nos ambientes corporativos.
O jovem traz o frescor das novas formas de agir, da tecnologia que pulsa incessantemente. No entanto, a maturidade para resolver crises (e também rápida velocidade mental para decidir), os 50+ têm de sobra.
Algumas corporações começaram a se movimentar neste aspecto, outras estão perdidas e há aquelas que não querem arriscar-se – estão nos invisibilizando.
Os jovens de empresas onde não há convívio entre gerações, nos rotulam de dinossauros.
Eu não sou jurássica! E digo mais, envelhecer faz parte do processo da vida. Quem não envelhece, morreu. Que tal vocês, das gerações Millenialls (nascidos de 1991 a 1995) e Z (1996 a 2009), refletirem sobre isso?
A luta contra o etarismo não é só nossa, é de todas as gerações. No próximo texto vou falar sobre o bom exemplo das empresas Age-Friendly, aquelas avançadas no tema e representadas no MaturiFest 2023.
Simone Magalhães é metade Pernambuco, onde nasceu, e metade Santa Catarina. É graduada em Comunicação Social pela UFPE e tem especialização em MKT digital, pelo Impact Hub / Sebrae-SC.
Foto em destaque: Bruce Emmerling para Pixabay.
Simone:
Adorei seu texto e o tema q vc desenvolveu. E já anunciou q
vai continuar. Ótimo, parabéns pela iniciativa.
Faço parte aqui no Recife de um grupo que discute exatamente
este tema: o envelhecimento para os Gays 50+. O grupo, Papo com Pizza,
tem coordenação do IBV e já estamos no segundo ano.
Papos descontraídos, com muita informação e alegria!
Beijos
Maurício