Quando o solo era seco,

estiquei uma gota de chuva

até ela virar rio

e aprendi a língua da água

para que as minhas palavras

molhassem o chão.

(Trecho do poema Confissões a Manoel de Barros, de Plínio Pacheco Oliveira).

A poesia de Plínio Pacheco Oliveira vem sendo gestada há duas décadas, desde quando soube que era escrever, e não atuar, a sua forma de se “relacionar com a existência”.

Criado dentro do maior teatro ao ar livre do mundo, em Fazenda Nova, onde a família Pacheco encena a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, a atuação parecia um destino natural para o menino. Mas, aos 18 anos, encantou-se com a declamação, quando, já morando no Recife, para onde foi estudar, passou a frequentar os recitais de poesia acompanhado da atriz Geninha da Rosa Borges e da poeta Maria do Carmo Barreto Campelo, que o incentivou no caminho da poesia. “Foi um grande estímulo conviver com ela”.

Agora, aos 38 anos, professor e doutorando em Direito, Plínio Pacheco Oliveira lança o seu primeiro livro de poemas, Imagens para Jogar em Sonhos, editado pela Editora Mondru.

O lançamento será na sexta-feira, 25 de agosto, na Livraria Jaqueira no Bairro do Recife, às 18h.

E, fazendo jus ao princípio, onde tudo começou, o autor celebra a estreia com recital de poesia que terá a participação de um elenco formado por amigas e amigos, entre eles, o ator Adriano Cabral, parceiro dos recitais de vinte anos atrás.

As atrizes Fabiana Pirro, Gheuza Sena, Nínive Caldas e o ator André Brasileiro completam a equipe que irá recitar acompanhada do músico Roger Victor no baixo acústico.

Em Imagens para Jogar em Sonhos, os poemas estão agrupados em quatro partes: Confissões, Imagens para Jogar em Sonhos, Interrogações e Contemplações. A divisão, destaca o autor, se justifica mais pelo ponto de vista estético, que “de alguma maneira conecta os poemas”, do que pelo tema. “O livro é um conjunto de fragmentos. Existe uma postura estética que perpassa todo o livro, mas ele não tem uma unidade temática”.

Em Confissões, estão as poesias que dialogam com autores da literatura brasileira e portuguesa, entre os quais Manoel de Barros, Sophia de Mello Breyner Andresen e João Cabral de Melo Neto. Na segunda parte, composta por fragmentos surrealistas a partir do título Imagens para Jogar em Sonhos, que também dá nome ao livro, o homenageado é Murilo Mendes, uma de suas inspirações, junto a Pablo Neruda, que o inspira em Interrogações, quando dedica-se aos questionamentos filosóficos. “São dúvidas, poesias orientadas para perguntas possivelmente sem resposta”, revela. A última parte, Contemplações, é composta por sonetos inspirados na obra do argentino Jorge Luis Borges, onde carrega uma dose de crítica social, abordando temas contemporâneos. “Meu encanto com o soneto surgiu da leitura de Borges, da possibilidade de construir beleza dentro de tantas regras. Foi a parte mais difícil de escrever, pois não são sonetos livres. Segui a estrutura clássica, com duas estrofes com 4 versos e outras duas estrofes com 3 versos. Versos decassílabos, com a métrica, com a rima”.

Surrealismo

Imagens para Jogar em Sonhos teve um lançamento on line em junho. Uma prática da Editora Mondru, sediada em Goiânia (GO), que se dedica a publicar novos autores.

O editor Jeferson Barbosa conta que, ao ler os originais, ficou entusiasmado com a criatividade e a construção das imagens inventadas pelo autor. “Eu me deparei com essas cápsulas surrealistas”, referindo-se ao poema Imagens para Jogar em Sonhos. “Você emerge nessa estrutura poética que Plínio constrói, que é tão linda e criativa. Ele consegue ser criativo e construir imagens tão originas”, destaca o editor, que também assina o projeto gráfico, que é ilustrado com o trabalho de Odilon Redon, artista francês, um dos pioneiros do surrealismo.

Depois do lançamento no Recife, Imagens para Jogar em Sonhos terá lançamento em Fazenda Nova, no Agreste pernambucano, ainda sem data, e na Feira Literária de Parati (FLIP) 2023, no Rio de Janeiro.

Detalhando mais…

Editor: Jeferson Barbosa

Produção Editorial: Juliana Matos

Assistente Editorial: Gabriela Queiroz e Carlos Freitas

Revisão: Kah Dantas

Capa e Projeto Gráfico: Jeferson Barbosa

Arte de Capa e Miolo: Odilon Redon

Editora Mondru

Serviço

Local: Livraria Jaqueira, Bairro do Recife, ao lado do Paço Alfândega.

Dia? Hora?: sexta-feira, 25 de agosto, às 18h

Valor do exemplar: R$60,00

Retratos de família: Roger Victor no baixo acústico, Nínive Caldas, Adriano Cabral, Gheuza Sena, o autor, Fabiana Pirro e André Brasileiro.

Fotos: divulgação.

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Edgard Homem

Por aqui transitam a arte e a cultura, o social – porque é imprescindível dar uma pinta de vez em quando, as viagens, a gastronomia e etc. e tal.

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