A artista visual Julieta Pontes tem legado: são 25 anos de ateliê montado e produtivo – e um recorte dessa caminhada poderá ser conferido na coletânea Significados.
A nova mostra da artista é uma compilação dos seus tempos através dos tempos. Uma reflexão orgânica e necessária em um tempo de transição, inclusive para as artes e artistas. Análise que aflora, queiramos ou não.
Composição
Das exposições feitas, Julieta Pontes selecionou obras de 3 para compor Significados: MITO DE ORIGEM, Raízes e Matéria Natural. Além disso, 15 telas pintadas recentemente e 15 roupas estampadas com obras da artista (que fazem parte da nova coleção de verão da grife Firulinha), completam Significados.
A curadoria é assinada por Ana Veloso, outra artista de significado na cena das artes visuais de Pernambuco.
“Essa composição, além do recorte da história da artista, discursa igualmente sobre a versatilidade da sua arte”, diz Ana Veloso.
Sobre Significados, diz Julieta Pontes:
“Na verdade, não há percepção que não esteja impregnada de lembranças. Os dados imediatos que se apresentam aos nossos sentidos, misturando milhares de detalhes da nossa existência passada, revelam-se, na maioria das vezes, simples signos destinados a trazer à memória, antigas imagens, elementos essenciais para a criação”.
“Procuro aqui fazer, através dessa amostragem, um quase relato do meu percurso, em fases, por vezes quebrando paradigmas…”.
“Essa mostra, a que chamo de coletânea, se fará representar por alguns trabalhos recentes e também por outras obras de fases anteriores, todas saídas de um inconsciente coletivo, motivadas por etapas e estudos marcantes. Faremos então um passeio, seguindo do ancestral ao contemporâneo”, conclui.
Para entender o presente e traçar rotas futuras, o passado criativo de Julieta Pontes:
Sobre MITO DE ORIGEM – 2000, Museu do Estado de Pernambuco, Recife, PE.
“MITO DE ORIGEM me levou a mergulhar no mundo fantástico, amplamente estético, e de grande pureza de expressão que é o mundo dos símbolos pré-históricos. Esse estudo foi iniciado para entender os povos originários do Brasil…”.
Sobre Raízes – 2001, Ateliê Julieta Pontes, Recife, PE.
“Raízes me dá o prazer de continuar esse estudo e de me embrenhar ainda mais nos mistérios do grafismo rupestre. Dos trabalhos sobre os povos originários vou para a pré-história, onde a figura vai perdendo sua representação formal e ganhando a simplicidade da representação simbólica”.
Sobre Matéria Natural – 2002, Museu do Forte do Brum, sala da Pinacoteca, Recife, PE.
“A ideia chegou junto com o desejo de abstrair… Saindo do terreno da pré-história, de ideias antropológicas e expressões rupestres, e em regressão cronológica pelo caminho da abstração, vim defrontar-me com a matéria, essa matéria original de que tudo é feito: a deusa Maya de que são construídos nossos corpos e todo o universo físico. Detive-me a observá-la. Um processo que chamei de Progressão Involutiva”.
A semente do porvir está plantada.
Serviço:
Exposição Significados
Coquetel de abertura: quinta-feira, 26 de outubro de 2023, a partir das 18h, na Galeria Janete Costa.
Ficará em cartaz até o dia 29/10.
Visitação gratuita a partir de 27 de outubro.
Funciona de quarta a sexta, das 10h às 17h, e sábado e domingo, das 10h às 16h.
A Galeria Janete Costa fica no Parque Dona Lindu, Rua Setúbal, 1023, Boa Viagem, Recife.
Foto em destaque, Julieta Pontes: Carol Figueiredo.
Fotos dos quadros: Daniel Souza.
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